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Imagem: Ton Molina/STF |
Mauro Cid e Bolsonaro se cumprimentam durante julgamento no STF; ex-ajudante de ordens relata minuta do suposto golpe e envolvimento do ex-presidente
Brasília — O ex-presidente Jair Bolsonaro e o tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, protagonizaram um breve momento de cordialidade nesta segunda-feira (9), ao se cumprimentarem com um aperto de mão antes do início do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). O momento foi captado pelo fotógrafo Ton Molina, da assessoria do STF.
O encontro ocorreu pouco antes do início do depoimento de Cid, que é o primeiro réu a prestar esclarecimentos na ação penal que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Durante o interrogatório conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, Mauro Cid confirmou que participou de reuniões nas quais foi discutida a chamada “minuta do golpe”, um documento que previa, entre outras ações, a prisão de autoridades do Judiciário e do Legislativo.
Segundo ele, o ex-presidente Jair Bolsonaro chegou a ler o documento, fez alterações no conteúdo e manteve apenas a prisão do ministro Moraes como proposta. “Ele enxugou o documento, retirando as autoridades das prisões. Somente o senhor ficaria como preso”, afirmou Cid, dirigindo-se ao ministro durante a audiência.
Apesar das revelações, Cid afirmou que sua atuação se restringiu à condição de testemunha dos fatos. “Presenciei grande parte dos fatos, mas não participei deles”, declarou. Segundo ele, Bolsonaro controlava suas próprias redes sociais e lia diretamente as mensagens enviadas por apoiadores e aliados por meio de aplicativos como WhatsApp e Facebook.
SOBRE MAURO CID
Mauro Cid ocupou o cargo de ajudante de ordens da Presidência durante o governo Bolsonaro, posição estratégica que lhe dava acesso direto ao então chefe do Executivo e aos comandos das Forças Armadas. Em 2023, fechou acordo de delação premiada com a Polícia Federal, após ser preso no âmbito de investigações que incluíram falsificação de certificados de vacinação contra a Covid-19 e a venda irregular de joias recebidas como presentes de Estado.
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Lenildo Ferreira - Hora Agora (Reprodução proibida)