Após uma série de controvérsias e derrotas seguidas em sua carreira política, o economista e ex-senador de Roraima Romero Jucá (MDB) sinalizou nas últimas semanas que pretende reencontrar seu espaço no cenário político a partir de 2026. Ele estuda disputar o governo de Roraima ou até tentar mais uma vez uma cadeira no Senado.
Para isso, o emedebista monitora de perto o processo que pode cassar o mandato do governador Antônio Denarium (PP), gesto que indica sua aposta em reverter o quadro político local. Em suas redes sociais, Jucá mantém o discurso enigmático, afirmando que “trabalho para mim é missão” e que seus mais de 40 anos de atuação em Roraima e no Brasil ainda têm capítulos por vir.
Aos 70 anos, o político mudou o visual tirando o conhecido bigode e tenta adotar uma postura leve e jovial nas redes sociais onde, enquanto recebe elogios de amigos e admiradores, enfrenta também reações de ironia e críticas de outros internautas.
CARREIRA POLÍTICA
Romero Jucá construiu sua imagem como um político articulado, sempre pronto a se alinhar ao governo de ocasião — de Fernando Henrique Cardoso a Michel Temer —, o que lhe rendeu o apelido de “líder de todos os governos”. Sua carreira começou em Pernambuco, mas foi em Roraima que se consolidou. Nomeado governador do então território em 1988, tornou-se o primeiro governador do estado após sua criação, cargo que exerceu até 1991.
Em 1994, foi eleito ao Senado, onde permaneceu por 24 anos, com derrotas apertadas em 2018 e 2022. No Congresso, foi líder do governo em diversos mandatos — FHC, Lula, Dilma e Temer — e ocupou os ministérios da Previdência, em 2005, e do Planejamento, em 2016. Sua rápida saída do segundo ocorreu após vir a público um áudio em que sugeria um “pacto” para estancar a Operação Lava Jato.
A trajetória de Romero Jucá também é marcada por escândalos. Acusado de receber propina da Odebrecht, envolvido na Operação Zelotes e alvo de inquéritos no Supremo Tribunal Federal por desvios relacionados à usina de Belo Monte, o ex-ministro ainda tem pendências judiciais e ficou muito associado à crise dos vazamentos de maio de 2016.
Derrotado nas últimas duas eleições gerais e com descrédito nacional, Jucá aposta agora em um retorno que passa por possibilidades táticas, como a cassação de Denarium e uma eventual candidatura fortalecida por sua rede em Roraima. O novo capítulo de sua carreira pode começar em 2026 — se a articulação política que o consagrou ainda mantiver fôlego.