O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Paraíba (Sintep-PB) se manifestou contrário à forma e ao conteúdo de uma nova proposta da Secretaria de Educação do Estado voltada à "modernização" do regime de progressão parcial de alunos nas escolas públicas.
Em entrevista ao Jornal do Meio-Dia da Campina FM, a diretora do Sintep-PB, Fernanda França avaliou que a medida, que visa flexibilizar a aprovação de alunos reprovados em até seis disciplinas, foi aprovada de forma atropelada, sem diálogo adequado e desconectada da realidade precária da infraestrutura escolar paraibana.
Uma das principais críticas do sindicato, que motivou um pedido de vistas, recai sobre o rito processual no Conselho Estadual de Educação. Ela denuncia que a pressa pela aprovação do texto fez com que o pedido fosse negado. Para a sindicalista, essa celeridade impediu uma análise técnica sobre a viabilidade pedagógica da medida, classificada como "imatura" e uma tentativa de "colocar a carroça na frente dos bois".
Segundo Fernanda, já há na Paraíba um sistema de progressão com dependência para até quatro matérias, mas “com uma série de critérios e que dificilmente acontecia”. Ainda de acordo com ela, os conselheiros sequer tiveram 24 horas para analisar e discutir as mudanças. Ainda assim, o pedido de vista do sindicato foi negado. “O que contraria o regimento do próprio Conselho”, afirma.
Promoção automática disfarçada
Embora o governo apresente o projeto como uma ferramenta de combate à evasão escolar, Fernanda França alertou que, na prática, ele pode institucionalizar a "aprovação automática". A crítica central é pedagógica: o acúmulo de pendências criaria uma bola de neve para o estudante.
"Se um ano a criança fica com pendências, como ela vai administrar as novas disciplinas do ano seguinte somadas às matérias pendentes? Sem condições reais de recomposição de aprendizagem, o aluno vai ficar sendo empurrado pelo sistema sem aprender, visando apenas a melhoria artificial de índices e rankings educacionais”, disse.
A educadora também frisa que a medida não leva em consideração as próprias limitações estruturais das escolas e as condições de trabalho dos professores. “Vejo isso como uma grande perda em nosso estado, mas que infelizmente segue uma tendência nacional”, comentou.
Para ouvir a entrevista, clique no player abaixo (o arquivo já está no ponto).
