"Campina: cidade arretada da 'mulinga'" - por Stanne Hewriston

Uma das coisas que considero espetacular no povo nordestino, em especial na minha cidade de Campina Grande-PB, a “Rainha da Borborema”, é a capacidade de unir a força do seu povo quando qualquer um dos seus filhos alcançam a mídia nacional e gritam: “Eu sou de Campina Grande”.

Esse fenômeno acontece até mesmo na rivalidade entre Campinense e Treze, claro que temos os secadores natos, mesmo assim, o nome da terrinha sempre mexe um pouco com os brios do torcedor.

E esta constatação não foi diferente, na noite desta terça-feira, 4 de maio de 2021, quando a nossa conterrânea Juliette Freire Feitosa, 31 anos, chegou à final da 21ª edição do maior reality show da tv brasileira e sagrou-se campeã com surpreendente 90,15% dos votos, faturando a bagatela de 1,5 milhão de reais e deixando pra trás a Youtuber, Camila de Lucas, que ficou em segundo lugar com 5,23% dos votos e, em terceiro, Fiuk, mais conhecido como “o filho de Fábio Jr.”, que recebeu 4,62% dos votos.

Como diz o dito popular “Campina vestiu a camisa” da menina Juliette. Vários compositores criaram músicas inspiradas comportamento dela na casa do BBB, artistas da cidade gravaram vídeos de apoio, confeccionaram camisas com imagens de cactos e chapéu de couro, grafiteiros pintaram até o viaduto da cidade com o rosto da paraibana arretada, políticos também “tiraram a casquinha” da visibilidade da jovem, e, evidentemente, nas redes sociais não se falava em outro assunto que não fosse a votação da grande final.

Inclusive, a noite do dia 4 de maio trouxe a lembrança das noites memoráveis do mês junino quando acontece na cidade a festa popular “o Maior São João do Mundo”. Choveu, estava aquele friozinho gostoso de Campina Grande e parecia até final de copa do mundo.

Após o resultado, que foi divulgado já nas primeiras horas desta quarta-feira, 5, as pessoas eufóricas em suas casas, condomínios, apartamentos e até em carreatas durante a madrugada gritavam “é campeã”, como se fosse alguém da família que fosse a vencedora.

Confesso aos amigos que estão lendo este artigo que eu não sou telespectador deste reality show, aliás, discordo de muita coisa que acontece nele, porém, não vem ao caso no momento. Mas, voltando ao que expresso no início do texto, eu também sou de Campina Grande e não tem como não se envolver com a união e a força de um povo que é humilhado, desrespeitado, esculachado e agredido por grande parte da grande mídia e demais xenofóbicos. Um povo valente, guerreiro e trabalhador que faz muito pelo país e é muito pouco reconhecido por tal.

Juliette enfrentou de cabeça erguida todos estes desafios. E o que na infância parecia ser sua fraqueza, agora é a sua força. Foi criada no bairro do Pedregal, considerado periférico na cidade, usuária do precário transporte público, perdeu sua irmã para a morte por não ter dinheiro para pagamento de tratamento de saúde mais digno. Assim como o cacto que ela sempre destacou em suas falas, Juliette, mostrou-se forte, firme, resiliente e alcançou o sucesso que já rende 25 milhões de seguidores nas redes sociais.

Que a visionária Campina Grande, terra hospitaleira, se una cada vez mais em favor do seu povo. Não apenas na mídia, mas no dia a dia, na política, na educação, no combate à fome e na melhoria da saúde do trabalhador e cidadão.

Como dizia o saudoso poeta Ronaldo Cunha Lima:

"Campina Grande, sorrindo, abre as portas da cidade:

Ao chegar, seja bem-vindo; ao partir, leve saudade.

Hospitaleira e sincera, Campina é sua, de graça.

Você saindo, ela espera; você voltando, ela abraça."

Seja bem vinda de volta, Juliette. E que você retribua com muito amor à Campina o presente que Campina lhe entregou.

VIVA O NORDESTE! 
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