Eu e o HUAC - Por Uirá Coury, médico


Muito antes de ser aluno, andei pelas lajes e entre os pilotis do que seria o futuro CAESE, área do Hospital Universitário Alcides Carneiro-HUAC onde ficam os ambulatórios. Percorri de mãos dadas com meu pai - à época cirurgião do serviço – alguns dos corredores e rampas do que era conhecido como Hospital do IPASE. Já cursando Medicina, lá também aprendi com Dr. Jairo Sales a fazer pequenas cirurgias e suturas. Conheci pessoas notáveis, algumas delas em serviço até hoje, alguns dos quais passam a visita médica aos pacientes nas enfermarias junto comigo, dos médicos residentes, dos internos e estudantes.

Tendo sido aluno da UFCG, desfrutei e aprendi diversos ensinamentos dos professores nos ambulatórios, nas enfermarias, no centro cirúrgico, nos corredores do HUAC e nas encruzilhadas da vida. Muitos dos professores são meus amigos até hoje. 

Nos últimos anos, minha história voltou a se confundir com a do HUAC quando cheguei como funcionário através de num concurso temporário em dezembro de 2014, o qual assumi em janeiro de 2015. Apenas em junho de 2018 seria finalmente efetivado através de um concurso da EBSERH. Como resultado do compromisso demonstrado, da eficiência, responsabilidade, qualidade, humanidade dos trabalhos desenvolvidos, do senso de proatividade e solidariedade com as diversas instâncias e colaboradores, fui convidado a assumir um papel na gestão como Chefe da Unidade de Cirurgia em Fevereiro de 2019, coincidentemente a Unidade na qual meu pai foi junto com outros colegas, os primeiros Residentes de Cirurgia em 1980. 


Ao longo do tempo nesses últimos 70 anos e sob a gestão de diversos líderes abnegados, com relevantes serviços prestados à Sociedade Campinense/Paraibana e especialmente de tantos e tantos colaboradores que se doam diuturnamente àquela casa Hospitalar, os quais fazem bater o coração pulsante do HUAC, chegamos ao século XXI com diversos desafios postos. Entre eles ser um serviço de saúde inteligente, humanizado e profundamente conectado com a sociedade que o utiliza, não apenas do ponto de vista de quando se necessita dele para trabalhar, para se recuperar de um agravo de saúde. Necessitamos muitíssimo de uma defesa enfática de toda a Sociedade Campinense, Paraibana e de todos aqueles que nos representam nas esferas Públicas.

Para se consolidar ainda mais como um serviço amplo, de excelência, acessível, com fluxos/processos transparentes e organizados, prezando pela segurança dos pacientes/funcionários/estudantes/residentes, dispondo das melhores técnicas/equipamentos e profissionais da região - mas sem perder a humanidade tão necessária – e contando com uma gestão atenta às inovações da saúde, profundamente comprometida com o espírito público de governança junto com o trabalho essencial de seus colaboradores, o HUAC dos próximos 70 anos precisará crescer para atender aos anseios de uma população usuária cada vez mais exigente, à altura da pujança econômica de Campina Grande e da sua gente aguerrida. 

Como eu sempre digo: o HUAC deve ser o melhor Hospital da Cidade e se ainda não somos por algum motivo, devemos todos trabalhar arduamente e continuar em busca desse objetivo.

Concordando com a frase ¨Um elefante branco é um monumento à incompetência¨, dita pelo presidente da EBSERH, General Oswaldo de Jesus Ferreira, da reserva do Exército Brasileiro, o HUAC disponibilizou mais recentemente para seus usuários um dos maiores parques públicos de diagnóstico por imagem da Paraíba. E está sendo um desafio monumental, pois para tirar os projetos da mente e os equipamentos das caixas, tendo um cobertor de financiamento tão curto como os do SUS, são necessárias pessoas competentes à altura da complexidade dos trabalhos e das Missões propostas. Sem isso não existe possibilidade de expansão de serviços. Sem esses predicados, não tem como haver sequer um continuum no que já é ofertado.

E atualmente para isso é fundamental o papel da EBSERH, que é uma Empresa pública, custeada com recursos dos contribuintes, criada em dezembro de 2011 como proposta de solução dos grandes gargalos ao desenvolvimento pleno dos Hospitais Universitários Federais do Brasil, os quais têm entre outras missões além da Assistência aos enfermos, o Ensino, a Pesquisa e a Extensão para formação de mão de obra na Saúde com alta qualificação.

Que nos próximos 70 anos os serviços públicos ofertados pelo HUAC consigam acompanhar com sensibilidade as novas demandas da população usuária, sendo cada vez mais inteligente, humanizado e oferecendo serviços de ponta. Que essa grande disrupção digital não esqueça de tocar a face humana, objetivo de todos os esforços.

Que daqui a 70 anos quando as areias do tempo tiverem removido boa parte das marcas da minha presença da Terra, o HUAC esteja firme e forte no seu propósito de servir com destaque à população da Grande Campina, da Paraíba e do Brasil, sendo para todos como um facho de Farol na escuridão, sendo um Porto Seguro para manter vivas as palavras de seu Pai-Fundador, o grande Jurista Alcides Carneiro: 

“Esta é uma casa que por infelicidade se procura, mas por felicidade se encontra”.


--------

Você gostou desse texto? Repasse aos seus amigos e familiares.

Você não gostou desse texto? Repasse aos seus amigos e familiares.

Quer se comunicar comigo? Contribua e envie um e-mail para contatouira@gmail.com 

---------

PERFIL

Esposo, pai de 2 meninos, Uirá Coury é médico pela UFCG, cirurgião de cabeça e pescoço pelo INCA-RJ, trezeano, mestre em Ciência e Tecnologia pelo NUTES-UEPB. Atua como médico da FAP e do Hospital Universitário Alcides Carneiro, exercendo no HU o cargo de chefe da Unidade de Cirurgia Geral e Preceptor de Cirurgia.

Postagem Anterior Próxima Postagem