"Dória e sua motivação: fixação de ser presidente para acalmar o ego"

Dória então prefeito de São Paulo | Foto: LUIZ GUADANOLI/SECOM  

Por Lenildo Ferreira - advogado e jornalista

João Dória Júnior conquistou tudo que o dinheiro pode dar. E aí, como acontece em geral com os poucos que atingem esse ponto na vida, descobriu o vazio existencial que marca profundamente quem tem mais dinheiro na conta do que precisaria se vivesse séculos.

A essa altura, alguns perdem o juízo, mergulham em convulsões psicológicas; se atiram em vícios e morrem cedo. Dória, contudo, é de outro grupo, daqueles que buscam em desafios pessoais o sentido para continuar razoavelmente lúcido.

Alguns ricaços viraram palestrantes; outros, esportistas; tem aqueles que seguem para o exercício de alguma arte; e, ainda, os que mergulham na política.

Em cada recanto desse país, tem um endinheirado local se metendo em política. 

Não é pelo financeiro, mas pelo poder que um cargo público traz. Ainda que seja efêmero, esse poder representa uma adrenalina nova para quem cansou de nadar todo dia no próprio dinheiro.

Para alguns deste rol, o anseio é também pela distinção, pelo exaspero de ser escolhido, através do voto, como se a eleição fosse uma comenda, um tributo de honra oferecido pela plebe ignara.

Nesse ponto, se o objetivo não se confirma, a fixação se estabelece como obsessão. 

É aí que o indivíduo passa a fazer papeis tristes. Passa a negar o próprio discurso, contradiz-se em atos. Se expõe ao ridículo em busca de uma pretensa glória.

Dória, das profundezas de uma necessidade incontrolável de receber essa “consagração”, já prefeito de São Paulo vestiu roupa de gari, máscara de gestor e discursos variados e contraditórios motivado unicamente pelo plano de ser presidente da República.

Virou governador sob essa motivação e fez do cargo um picadeiro, equilibrando-se na corda da incoerência, se expondo a palhaçadas, tentando domar o leão da realidade e, quem sabe, dar um salto mortal que o leve à principal cadeira de Brasília.

Não é esquerda, mas tampouco direita. Não é progressista e, muito menos, conservador. É somente um desesperado correndo atrás de uma realização improvável. 

Podre de rico, pobre de si. Manda em tantos, escravo do ego.

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