Barbárie no Centro escancara que o crime domina áreas importantes de Campina Grande


Por Lenildo Ferreira

O fato impressionante, com cenas que chocaram e causaram profunda perplexidade, do quase linchamento de um policial em plena luz do dia e sob as vistas da Guarda Municipal por um grupo de indivíduos na Praça Clementino Procópio revela de maneira escancarada o quadro caótico que a sociedade e, principalmente, as autoridades de Campina Grande fingem não ver.

Aquele setor, em pleno coração da cidade, é uma área dominada inteiramente por criminosos, dependentes químicos e desocupados, onde assaltos só não são mais frequentes porque facções criminosas, exercendo o poder e um papel paraestatal, repreendeu a bordoadas os bandidos que andaram roubando transeuntes tempos atrás.

Reparem: não foi o Estado, que tem o dever de proteger a sociedade e detém a competência legal do uso da força, que pôs um freio aos assaltantes. Foi o crime que regulou o crime. E, após isso, aquele espaço e seu entorno, principalmente os semáforos das imediações, seguem sendo controlado por maus elementos.

Todos os dias e o dia todo cidadãos são alvos de achaques no semáforo que liga a 13 de Maio à Vidal de Negreiros. Gangues circulam os carros, intimidam e exigem dinheiro. À luz do dia, continuamente, livremente. E ninguém faz nada. A polícia não age, o Ministério Público ignora, os políticos não enxergam nada, a Justiça é inerte, a imprensa se cala. A sociedade paga para não ter seu carro danificado.

Agora, um policial apanhou covardemente e só não foi morto porque os agressores não quiseram matá-lo. Bastava ali um criminoso daqueles um pouco mais alvoroçado e seria seguido pelos demais na execução. Enquanto isso, a Guarda Civil Municipal, armada de cassetetes, despreparo e medo, recuou quando a turba desceu a Major Juvino do Ó atrás da vítima.

Não foi a agressão a um homem. Foi um escárnio contra toda Campina Grande. Foi um aviso dado com clareza cruel: a Praça Clementino Procópio e seu entorno, assim como vários semáforos e áreas de estacionamento em ruas, pertencem ao crime. Aos indivíduos que posam de vítimas da sociedade.

Se um PM rodeado de guardas apanhou daquele jeito, o que será do transeunte que cruze aquele logradouro? O que será do motorista que se recusar a pagar pedágio no sinal? Fomos todos agredidos, vilipendiados, humilhados. A cidade está desmoralizada. 

O poder público, eficaz em aplicar multas e cobrar impostos aviltantes, não cumpre sua obrigação de minimamente proteger a sociedade. O Brasil virou república do crime. Campina Grande, ainda pequena, tem bolsões sob o controle da malandragem. Só resta evitar aquele trecho. A praça não é nossa; é dos bandidos.   

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