Tida como uma possibilidade muito distante quando dos primeiros esforços para sua viabilização, a obra para duplicar o trecho da BR 230 de Campina Grande até a Praça do Meio do Mundo hoje é uma realidade em andamento, inclusive com o primeiro viaduto já tendo sido posto em atividade na última sexta-feira.
Quem daqui a algum tempo vir a obra concluída, gerando grande impacto para toda a região, certamente não haverá de imaginar como essa empreitada se configura verdadeiro monumento ao fato de que, quando a classe política dá as mãos, muito pode ser feito.
Sou testemunha privilegiada desta história. A obra nasceu de um requerimento formulado pelo então vereador Sargento Neto ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), pedindo a duplicação. O órgão respondeu ao parlamentar, explicando a existência de projeto, mas ausência de recursos.
Neto, unindo-se ao então presidente da Câmara, Marinaldo Cardoso, começou um processo de mobilização. Foram ao DNIT e levantaram detalhes, como aspectos do projeto e custos previstos.
Dias depois, durante uma reunião, Marinaldo abordou a questão e nasceu ali a ideia de mobilizar a sociedade civil. Imediatamente, fiz contato com os então presidentes da Associação Comercial, Antônio Andrade; da CDL, Artur Bolinha; e do Sinduscon-PB, Hélder Campos, que de pronto aceitaram participar de um encontro na Câmara Municipal.
A conversa ocorreu dias depois, na sala da presidência, de onde surgiu a ideia de mobilizar outros setores e, sobretudo, a classe política. Helder conseguiu o auditório da FIEP para um grande evento. Andrade se comprometeu a, em nome da Associação Comercial, reforçar a busca pelo engajamento dos congressistas – e promoveu uma reunião na entidade, com presença de outros vereadores.
Marinaldo, juntamente com Sargento Neto, começaram a efetivamente ir atrás dos deputados federais e senadores paraibanos, a fim de captar as emendas tão necessárias para a obra. Pegaram a estrada rumo a Brasília. Inicialmente, falava-se em R$40 milhões para o pontapé inicial.
Extremamente habilidoso e abrindo portas, Marinaldo mobilizou os vereadores e foi em busca de cada congressista. Encontrou apoio efetivo de vários, mas sobretudo do senador Veneziano Vital do Rêgo e sua mãe, à época também no Senado, Nilda Gondim.
O empenho dos dois, configurado na garantia de um aporte inicial de R$10 milhões em emendas, foi completamente decisivo. Outros congressistas da Paraíba, apesar de com notória má vontade, acabaram destinando emendas para a obra somente para não deixar de sair na foto, sobretudo diante do protagonismo logo assumido pelos dois senadores.
Daí veio o evento na FIEP, reunindo grande número de autoridades. O recurso inicial foi levantado e a obra começou. Saiu o presidente Jair Bolsonaro, entrou o presidente Luiz Inácio Lula, e Veneziano, aliado do governo, vinculou-se totalmente ao compromisso de não deixar a obra parar. Puxou para si a responsabilidade.
Com isso, o projeto da duplicação vai, dia a dia, tornando-se realidade. E quem teve o privilégio de testemunhar todo o processo até agora pode enxergar, claramente, que a obra tem cinco pilares.
Sargento Neto pelos primeiros movimentos; Marinaldo Cardoso por abraçar a ideia e iniciar as mobilizações, conseguindo fazer o plano se expandir entre sociedade e congressistas; a Associação Comercial e o Sinduscon, que não ficaram apenas na mera participação e se envolveram firmemente; e o senador Veneziano, que virou o “padrinho” do projeto, com alto comprometimento.
O pai da obra é e será o povo, de cujo bolso sai cada centavo da construção. Nenhum político envolvido fez favor algum. Mas, por outro lado, todos os políticos envolvidos, sobretudo os citados e, principalmente, Veneziano, merecem o reconhecimento justo por sua contribuição decisiva.
A boa política é rara, mas, quando exercida, produz excelentes resultados, reverte impossibilidades aparentes e pavimenta o desenvolvimento.
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Lenildo Ferreira é jornalista, advogado e editor do Hora Agora