A Polícia Federal cumpriu mandado de prisão na manhã desta sexta-feira contra o ex-ministro do Turismo Gilson Machado Neto, em sua casa na zona sul de Recife. A ação faz parte de uma investigação que apura suposta tentativa de obstrução de inquérito relacionado aos atos antidemocráticos de 2022.
Segundo a Procuradoria-Geral da República, Machado teria articulado a emissão de um passaporte português para o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, com o objetivo de permitir sua fuga do país e atrapalhar diligências da Justiça. A PGR já havia solicitado abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal, além de medidas de busca e apreensão e quebra de sigilos.
A prisão acontece um dia após Machado estar com Jair Bolsonaro em uma agenda do ex-presidente no Nordeste, em Natal, Rio Grande do Norte. O ex-ministro, inclusive, posou para fotos e vídeos ao lado do deputado federal paraibano Cabo Gilberto e do pré-candidato a governador da Paraíba Marcelo Queiroga, ambos do PL.
Veterinário e sanfoneiro de formação, Gilson Machado comandou o Ministério do Turismo entre 2019 e 2022, além de presidir a Embratur. Em 2024, disputou sem sucesso a prefeitura de Recife pelo PL, ficando em segundo lugar com cerca de 13,9% dos votos. Nas últimas semanas, integrava a “Rota 22” de eventos de mobilização bolsonarista pelo Nordeste ao lado do ex-presidente.
A defesa de Machado negou irregularidades, afirmando que os contatos no Consulado de Portugal se restringiram a questões pessoais de renovação de passaporte e que não houve tentativa de emissão de documentos para terceiros. O inquérito segue sob sigilo, com diligências em Pernambuco e em outras capitais, enquanto a PF colhe depoimentos e apura possíveis conexões com outros envolvidos.