Campina Grande e a Paraíba estão no radar da nova economia digital. Com criatividade, inovação e foco em soluções práticas, empreendedores locais estão provando que é possível criar negócios escaláveis, de impacto e com alcance nacional — e até internacional — mesmo com investimentos iniciais modestos. Essa é a essência do empreendedorismo digital, um modelo que rompe barreiras geográficas e econômicas.
O que é empreendedorismo digital?
É o tipo de negócio construído e operado majoritariamente por meio da internet. Pode ser uma plataforma de educação, um app de saúde, uma loja online, um game ou um serviço criativo em nuvem. O diferencial está na escalabilidade: crescer rápido, sem aumentar proporcionalmente os custos.
Para empreendedores do Nordeste, esse modelo é estratégico. Em um contexto ainda marcado por desigualdades de infraestrutura e acesso a capital, o digital permite começar pequeno e ir longe. Plataformas SaaS, marketplaces e serviços digitais são exemplos de modelos replicáveis com alto potencial de crescimento e baixo custo operacional.
O modelo digital oferece vantagens estratégicas especialmente relevantes. Um dos principais atrativos é o baixo investimento inicial: muitos negócios digitais começam com um computador, conexão à internet e uma boa ideia. Além disso, esse modelo permite escalabilidade, ou seja, a capacidade de crescer rapidamente sem que os custos aumentem na mesma proporção. Um curso online, por exemplo, ou uma plataforma de serviços pode atender centenas ou milhares de clientes em diferentes regiões do país ou do mundo sem precisar de uma grande estrutura física. A flexibilidade também é um ponto forte: o ambiente digital permite testar ideias, ajustar estratégias e inovar constantemente. Por fim, o alcance global é um diferencial competitivo importante. Empreendimentos sediados em Campina Grande ou em outras cidades do interior podem competir em pé de igualdade com negócios de grandes centros, ampliando significativamente suas oportunidades de mercado. Na atualidade não precisa ser um gigante do mercado para concorrer com eles de tu a tu.
Desafios reais
Apesar do potencial, empreender digitalmente no exige superar barreiras como:
• Dificuldade de acesso a crédito e investimento-anjo;
• Escassez de profissionais técnicos qualificados;
• Falta de conexão com hubs de inovação mais consolidados;
• Desigualdade na oferta de infraestrutura digital.
Ainda assim, com políticas públicas bem direcionadas e o fortalecimento de ecossistemas locais, esses obstáculos podem ser sendo enfrentados.
O contexto nacional impulsiona
O crescimento do PIB brasileiro, aliado ao aumento do microcrédito no Nordeste (que concentra 77% dos recursos disponíveis, segundo dados apresentados no 6º Fórum Brasileiro de Microempreendedorismo, realizado em 2024 pelo Programa Empreender 360 da Aliança Empreendedora), tem gerado um ambiente mais fértil para novos negócios. Com 236 mil empresas abertas até março de 2025, dados do Sebrae, com base na Receita Federal, o Nordeste mostra que há vontade, talento e resiliência suficientes para transformar a economia local.
A digitalização também chegou com força à administração pública e à educação, criando novas demandas e oportunidades para empreendedores que saibam atuar com eficiência, baixo custo e impacto real a digitalização de processos e o uso de inteligência artificial, antes restritos a grandes centros, empresas ou instituições, agora fazem parte do cotidiano de muitos pequenos empreendedores.
Onde estão as oportunidades?
Em matéria no portal da CNN Brasil e de acordo com Luciana Macedo, gestora nacional do Sebrae, os segmentos mais promissores para 2025 serão:
• Educação online;
• Economia criativa;
• Sustentabilidade e energia limpa;
• Marketing digital;
• Saúde e bem-estar digital.
Todos esses segmentos têm fit com o perfil do empreendedor nordestino e podem ser explorados com estratégias digitais inteligentes e inovadoras.
Dicas para escalar seu negócio digital
1. Invista na sua capacitação constantemente (Lifelong Learning): Aprender nunca foi tão acessível. Aproveite cursos gratuitos e mentorias especializadas oferecidos por instituições, universidades, hubs locais e uma ampla variedade de edutechs oferecem cursos e mentorias gratuitas.
2. Construa uma rede de conexões estratégicas: Conecte-se com o Ecossistema de Inovação e negócios local, participe de eventos, feiras, meetups, hackathons entre outros. Relacionar-se com outros empreendedores, mentores, investidores e instituições pode abrir portas para parcerias, oportunidades de investimento e troca de experiências valiosas.
3. Monitore e aproveite editais e programas de incentivo: Fique atento a chamadas públicas, editais de inovação e programas de aceleração e incubação. Muitos oferecem recursos financeiros, mentorias e visibilidade.
4. Valide seu produto com o mercado o quanto antes: Antes de investir tempo e dinheiro em soluções complexas, lance uma versão simplificada (MVP) e colete feedback real dos usuários. A escalabilidade começa com um produto útil e desejado.
5. Use plataformas digitais a seu favor: Ferramentas de automação, redes sociais, marketplaces e apps de gestão ajudam a reduzir custos, otimizar processos e alcançar novos públicos com eficiência.
6. Pense global desde o início, mas comece resolvendo um problema local: Grandes negócios digitais surgem de soluções simples para dores reais. Se a ideia for boa para sua cidade ou região, pode ser adaptada para outros contextos e escalada para o Brasil — ou para fora dele.
7. Tenha clareza sobre métricas e desempenho: Estabeleça indicadores-chave (KPIs) como CAC (custo de aquisição de cliente), LTV (valor do tempo de vida do cliente) e churn (taxa de cancelamento). Saber onde melhorar é essencial para crescer de forma sustentável.
8. Aposte em inovação com propósito: Negócios que têm impacto positivo na sociedade e no meio ambiente tendem a atrair mais apoio, financiamento e engajamento. Empreender com propósito é mais do que uma tendência — é diferencial competitivo.
Conclusão
O empreendedorismo digital é mais que uma tendência: é uma ferramenta concreta para o desenvolvimento regional. Para Campina Grande e o Nordeste, representa uma chance de se conectar com o mundo sem perder a identidade. A escalabilidade, quando aliada à inovação e à visão de impacto social, pode transformar ideias locais em soluções globais.
A nova economia passa pelo digital — e o futuro já está sendo escrito.
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Carlos Alejandro Rueda Angarita - Consultor Empresarial, Mentor Internacional de Negócios Inovadores e de Impacto Social, Doutor, Cum Laude, em Economia da Empresa, Mestre em Desenvolvimento de Sistemas para o E-commerce, Mestre em Economia da Empresa pela Universidad de Salamanca (Espanha), Administrador de Instituições de Serviço pela Universidad de La Sabana (Colômbia), CEO do Núcleo Gestor do (E.INOVCG) Ecossistema de Inovação de Campina Grande, Embaixador da Economia Criativa da (RBCC) Rede Brasileira de Cidades Criativas (UNESCO), e Co-líder do NASA Space Apps International Challenge e do Tech Brazil Advocates Campina Grande.