VIOLÊNCIA | Por que a cidade de Bayeux deixou de ser ‘notícia diária’? - Por Saulo Nunes


O biênio 2023/2024 foi de inúmeras menções à cidade de Bayeux, região metropolitana de João Pessoa, no quesito ‘violência’. Guerra entre facções; homicídios quase diariamente; rodovias interditadas. A mídia, claro, fez seu papel de divulgar os episódios, embora – às vezes – exagerando na dose de ampliar o tamanho real do problema.

A Secretaria da Segurança Pública botou a Polícia Militar para fazer seu policiamento ostensivo (como deve ser) e determinou à Polícia Civil que identificasse, por meio de seu trabalho de inteligência (como deve ser), as causas daquela explosão de violência meio que fora de contexto.

Há exatamente um ano – na primeira semana de julho/2024 –, o secretário Jean Nunes já informava em entrevistas à imprensa que a mortes violentas em Bayeux eram fruto, em sua maioria, da influência de facções criminosas do Rio de Janeiro e São Paulo, que se alastram pelo Brasil com o objetivo de dominar o tráfico de drogas e o controle de territórios. Essas facções tentam se estabilizar também em algumas áreas da Paraíba, e estava na hora de aplicar a repressão qualificada. Aí, a PC entrou com tudo.

As prisões e apreensões

Somente no primeiro semestre de 2025, a Polícia Civil em Bayeux efetuou 153 prisões, a maioria delas de pessoas diretamente envolvidas em crimes violentos protagonizados por facções criminosas. Foram apreendidas 19 armas de fogo e 323 munições. 

Neste mesmo período – janeiro a junho/2025 –, a Polícia Civil elucidou nada menos do que 100% dos homicídios ali registrados. Foram 18 delitos cometidos no semestre, e todos eles têm autoria apontada pelas investigações da PCPB. Em outras palavras, esse trabalho investigativo transmite a sensação de que “se eu matar aqui, eu serei descoberto”. Para um bom entendedor, é a cristalina certeza da punibilidade. 

As fugas

De acordo com o delegado seccional da área, João Paulo Amazonas, essa ‘caça aos criminosos’ que a Polícia Civil vem emplacando nos últimos anos tem causado a fuga de muitos integrantes de facções criminosas para seus ambientes de origem. Os que pensavam estar em território seguro para suas ações delituosas mudaram de ideia e retornaram ao Sudeste do país.

A propósito, para muitos casos, essa fuga não adiantou muita coisa. Como se vê pela própria imprensa, a Polícia Civil paraibana tem ido ‘buscar fujões’ em vários estados brasileiros, para que eles respondam pelos crimes aqui cometidos. “Aqui se faz, aqui se paga”. 

Os resultados

Pensemos inversamente: quando uma pessoa comum evita frequentar e/ou transitar por determinados lugares (ruas, bairros, etc.), temendo ser alvo de bandidos, o contrário também é real. Quando criminosos são diuturnamente incomodados pelas polícias, eles também evitam permanecer onde estão. Só lhes resta fugir. 

Não, não é coincidência. Nos primeiros seis meses de 2024, a cidade de Bayeux registrou 38 assassinatos. No mesmo período de 2025, esse número caiu para 18, ou seja, -54%. 

Não foi ONG de “direitos humanos” nem obra do acaso. Foram as ações de inteligência da Polícia Civil que resultaram em operações de repressão qualificada, contando muitas vezes com o apoio logístico-operacional da Polícia Militar, além da contribuição primordial do Ministério Público e do próprio Poder Judiciário. É isso que está diminuindo a violência naquela cidade.

Esses são os “inimigos da notícia” que tiraram Bayeux das páginas policiais. 

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Saulo Nunes é jornalista, escritor e policial civil

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