Por Alexandre Moura (*)
IA ganha espaço no futebol: da análise tática à montagem do elenco
O futebol, esporte mais popular do planeta, vem incorporando cada vez mais tecnologia em sua rotina, e a IA (Inteligência Artificial) é a “bola da vez” nesse processo. Clubes, comissões técnicas e departamentos de análise de desempenho, têm recorrido a soluções baseadas em algoritmos para otimizar decisões dentro e fora de campo. No aspecto técnico, softwares com/de IA permitem analisar em tempo real o posicionamento dos atletas no campo, a movimentação da bola e os padrões de jogo dos adversários, visando ajustar a estratégia de jogo ao longo da partida, tanto na defesa quanto no ataque. Essas informações, transformadas em relatórios detalhados, ajudam treinadores a ajustar esquemas táticos e identificar falhas ou pontos fortes durante o jogo. Grandes equipes europeias, já utilizam sistemas que sugerem variações de posicionamento com base na leitura estatística dos minutos anteriores, com o auxílio imprescindível da IA.
IA ganha espaço no futebol: da análise tática à montagem do elenco (II)
A preparação física também ganhou uma nova dimensão. Sensores acoplados aos uniformes e chuteiras enviam dados para plataformas que monitoram distância percorrida, intensidade dos movimentos e desgaste muscular, etc. Com isso, a IA “prevê” riscos de lesão (“sugerindo” inclusive substituições) e recomenda cargas ideais de treino para cada jogador, aumentando a eficiência do trabalho físico e reduzindo afastamentos por lesões musculares. Outra vertente do uso de IA no futebol, é no mercado de transferências. Plataformas inteligentes cruzam informações de performance, idade, histórico de lesões e até comportamento em redes sociais para avaliar o perfil de possíveis contratações. O objetivo é reduzir riscos na escolha de jogadores e montar elencos mais equilibrados, alinhando a necessidade esportiva ao planejamento financeiro e “comportamental” de cada atleta, dentro e fora do campo. Se antes a escolha de reforços dependia quase exclusivamente da observação de olheiros, hoje o processo é cada vez mais “automatizado”. Clubes da “Premier League” (Inglaterra) e da “La Liga” (Espanha), por exemplo, já mantêm bancos de dados globais, abastecidos/gerenciados por IA, capazes de identificar talentos promissores em nível global. No Brasil, essas ferramentas também já estão sendo usadas.
IA ganha espaço no futebol: da análise tática à montagem do elenco (III)
Outro aspecto interessante, mas assustador, é o uso de ferramentas de IA para analisar o “histórico” e características dos treinadores adversários, para ajudar na escolha da melhor estratégia de jogo. Aqui é bom lembrar que “pau que bate em Chico bate também em Francisco”. E tudo indica que em um tempo bastante curto, todos os grandes times do mundo vão estar usando/aplicando IA de alguma forma “dentro do campo”, “nivelando” assim, a competitividade entre eles (pelo menos nesse aspecto). Gerando em tese, uma certa “padronização do jogo”. Se muitos times adotarem algoritmos semelhantes, as estratégias podem “perder a imprevisibilidade”, uma característica que sempre diferenciou o futebol de outros esportes. Entretanto, existem ainda “barreiras” a serem ultrapassadas. A primeira delas é a “dependência de dados confiáveis”. Um simples erro de coleta ou interpretação, pode comprometer relatórios inteiros e influenciar negativamente decisões estratégicas (aliás esse “alerta” serve para qualquer negócio).
IA ganha espaço no futebol: da análise tática à montagem do elenco (IV)
Outro ponto importante a ser levado em consideração, é em relação aos custos elevados (ainda) de implementação de sistemas de IA. Isso limita o acesso às tecnologias disponíveis, concentrando as inovações em poucos grandes clubes. Como é fato que o “custo” de uma tecnologia nova diminui com o tempo (que deve acontecer – ou já está - o mesmo com a IA), a tendência é que, em pouco tempo, a IA esteja cada vez mais integrada às rotinas de clubes de diferentes portes. O equilíbrio entre “dados, experiência técnica e sensibilidade humana” será o diferencial para transformar números em títulos. No futebol moderno, onde cada detalhe pode definir uma vitória ou um fracasso, a combinação entre tradição e inovação tecnológica promete redefinir o jogo dentro e fora das quatro linhas. A “Copa do Mundo de 2026” talvez mostre isso claramente. Mas é bom lembrar que, a “motivação emocional, o espírito de equipe e a criatividade em campo, ainda escapam aos cálculos das máquinas”. Pelo menos nos dias atuais.
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Engenheiro Eletrônico, Mestrado em Engenharia Elétrica, MBAs em e Comércio Eletrônico e Software Business, pela N.S. University (Estados Unidos), Curso de “Liderança Transformadora Global” pela Nova School of Business & Economics (Portugal), Acionista da Light Infocon Tecnologia S/A, Diretor da LightBase Software Público Ltda, Conselheiro-Titular do SEBRAE-PB, Fundador e Membro do Conselho de Administração do SICOOB Paraíba, Co-autor do livro: “Ecossistema de Inovação de Campina Grande, sua trajetória e conexão com o Sebrae Paraíba”, Ex-Presidente da ACCG e da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado da Paraíba e Diretor de Relações Internacionais da BRAFIP.