Fato a fato: Cronologia de um dia de turbulências na base de João. Leia e entenda



Campina Grande foi cenário de um episódio de estremecimento público das relações entre o governador João Azevêdo (Cidadania) e o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) nesta sexta-feira, 08, quando Ana Cláudia Vital do Rêgo (Podemos), mulher do senador e secretária do governo João, retirou-se de uma solenidade no auditório da Cagepa, aborrecida por não ter sido chamada para a mesa.

Um dia, isso poderá ser história. Portanto, vamos a um ordenamento lógico dos fatos.

ANTES DE ONTEM

Alguns episódios anteriores a esta sexta-feira já sinalizavam que as relações entre Veneziano/Ano e João não estavam nos melhores termos. Exemplo mais claro disso foi a manobra do governador para “tomar” o Podemos do controle do grupo ligado ao casal, em julho.

As distensões decorrentes da movimentação foram inevitáveis, mas, recentemente, a própria Ana deu o assunto por encerrado.

Porém, especulações sobre uma provável candidatura de Veneziano contra João têm aumentado, e o senador, inclusive, apareceu esta semana em fotos cheias de demonstrações de parceria com o ex-presidente Lula, que busca uma base na Paraíba para 2022.

Coincidência?

SEM ESPAÇO

Nesta sexta, Ana não teve assento na mesa de João na Cagepa. Ao comentar o imbróglio, o governador alegou que teria sido apenas uma questão de falta de espaço na mesa e lembrou que outros auxiliares também ficaram nas cadeiras do auditório.

Ocorre que, se a mesa é um espaço de prestígio, havia figuras do governo com menos expressão que a secretária. Das duas, uma: ou o cerimonial foi simplesmente relaxado e pouco habilidoso, ou a separação foi intencional.

Sentindo que não cabia no lugar, Ana Cláudia se retirou.

REAÇÃO DE VENEZIANO

Veneziano, na condição de presidente em exercício do Senado, cumpria agenda em Imperatriz, no Maranhão, ao saber do constrangimento. Ele classificou o ocorrido como “um desrespeito”.

E falou mais: “Tomei conhecimento e penso que o gesto em si, deselegante e desrespeitoso, não foi só para Ana Cláudia, para a secretária e para mim, mas foi um gesto para todos aqueles cidadãos campinenses que se sentem, através de Ana e de mim, representados. Acho que ela fez bem. Ela tomou a decisão correta. Quando você não é querido, desejado, a pessoa que se queira estar junto, você deve reconhecer e dar uma saidinha”.

ALEGAÇÕES DE JOÃO

Durante coletiva ainda no palco do impasse, João Azevêdo garantiu não ter entendido o ocorrido e acrescentou que sequer teria percebido o que aconteceu. “Se o secretário que está no auditório não está sentado na mesa, é porque não cabia na mesa”, justificou, numa expressão que não ajudou a minimizar o clima.

“É preocupante. Justificar uma ação como essa só quem pode é ela própria. Os motivos que levaram ela a sair, eu confesso que não sei. Fui apanhado de surpresa com essa informação”, acrescentou.

Em seguida, o governador espetou: “Eu espero que esse não seja motivo para justificar outras atitudes”.

E AGORA?

O impasse, como não poderia ser diferente, rendeu uma infinidade de especulações sobre o que pode acontecer nos próximos dias na base de João Azevêdo. As relações com Veneziano podem normalizar, afinal, política é política.

Porém, a forma estranha como ocorreu o constrangimento tende a indicar que o governador criou um (forte) adversário para 2022. 

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