EM CAMPINA: Barrigada gigante de jornalista ao falar da Polícia Civil... - Por Saulo Nunes


Você conhece Alessandro Almeida, do bairro Quarenta, em Campina Grande? Não? Sério mesmo? Tá certo. E José Nerivaldo de Lima, do Centro, você conhece? Também não? Certeza? Ah, tá ok. Mas Cledjan Santos Barbosa, do Novo Horizonte, você já ouviu falar, né? Também não?! Não é possível, tem alguma coisa errada.

Bom, deixa eu te ajudar. Alessandro foi assassinado a tiros no dia 18 de fevereiro deste ano, lá no Quarenta. Em menos de 12 horas após o crime – eu disse MENOS DE 12 HORAS –, a Polícia Civil elucidou o caso e prendeu o suspeito, que inclusive confessou o delito. 

José Nerivaldo foi morto por espancamento, no dia 20 de abril deste ano, em pleno Centro da cidade. Ainda no período de flagrante – eu disse período de FLAGRANTE –, a Polícia Civil, mais uma vez, investigou, identificou, elucidou e prendeu o suspeito do crime.

Já Cledjan Barbosa sofreu golpes de faca no dia 17 de julho, também deste ano, no Novo Horizonte. Em flagrante – eu disse F-L-A-G-R-A-N-T-E-! –, a Polícia Civil prendeu o suspeito da até então tentativa de assassinato. Como Cledjan acabou morrendo dois dias depois, foi mais um homicídio consumado e esclarecido EM FLAGRANTE pela Polícia Civil da Paraíba.

Por que eu estou fazendo essa lista?

Porque esta semana, uma jornalista de Campina Grande – que já beira sua aposentadoria, tamanho o seu tempo de jornada na profissão – injetou uma dose cavalar de desinformação ao público ouvinte do seu programa de rádio. 

Para situar o leitor: na madrugada do sábado, 09 de setembro, o policial civil Jerre Adriano de Sousa Ribeiro foi assassinado a tiros no sertão da Paraíba. A Polícia Civil investigou, identificou os suspeitos e prendeu quatro deles, na segunda-feira, 11. Três dias depois. Sabe o que a jornalista ‘antigona’ disse nos microfones da emissora para a qual trabalha?

“Agora a polícia foi rápida, né?... Porque geralmente, quando são casos comuns, a polícia não atua com essa rapidez. Só agiliza quando envolve policiais ou quando a imprensa repercute o caso”. 

Mais ou menos isso, com perceptível tom de ironia. 

A profissional de imprensa – que entra na terceira década de atuação no jornalismo em Campina Grande – não tomou o cuidado sequer de pesquisar outros casos de homicídios elucidados pela mesma polícia que ela ‘criticou’ no ar e ao vivo. Apenas pensou o que veio na cabeça e... “Se colar, colou”.

É óbvio que para um ouvinte verdadeiramente bem informado, não colou. 

Para quem não lembra, Alessandro era um ex-presidiário. Para a Polícia Civil, isso não fez a menor diferença. Seu algoz foi preso em menos de 12 horas após o crime. José Nerivaldo era um ‘ilustre desconhecido’ de 60 anos, mas nem por isso seu assassino deixou de ser capturado em FLAGRANTE pela Polícia Civil. 

Da mesma forma, Cledjan Barbosa nem era policial, nem empresário, nem tinha sobrenome de político e tampouco sua morte ganhou atenção especial da imprensa. Na verdade, quem mais deu atenção a ele foi a POLÍCIA CIVIL, que prendeu o autor de sua morte em uma ação três vezes mais rápida do que no caso do policial Jerre Adriano.

Eu não estou falando de assassinatos elucidados em sete dias, ou em um mês, ou em seis meses. Eu estou listando crimes esclarecidos em MENOS DE 24 HORAS, somente em Campina Grande, dentro de um período de 150 dias! Não quis estender a pesquisa para os demais 222 municípios da Paraíba, em consideração ao tempo do leitor.

Mas se você chegou até aqui, já deu para perceber que “a imprensa” não trata a polícia com o respeito que ela merece. Não me refiro a ‘bater palminhas’, e sim RESPEITO. Nem mais nem menos.

Respeito, inclusive, ao ouvinte/leitor/telespectador, subitamente enganados em 10 segundos de muita desinformação, sabe-se lá Deus por qual motivo. 

Por fim, deixar claro que eu sou um dos maiores defensores da liberdade de expressão que alguém possa conhecer. Com informação boa ou ruim, correta ou equivocada, verdadeira ou mentirosa, eu defendo que todos(as) tenham direito de expressá-la.

Venho por meio deste exercer o meu também. 


----------

Saulo Nunes é policial civil, jornalista e escritor

Postagem Anterior Próxima Postagem