QUEIMADAS: A prisão do foragido, a ‘atitude’ do governador e o futuro da segurança


Hoje, 19 de março de 2024 – pleno ‘Mês da Mulher’, é bom que se frise –, é uma data que entra para História da crônica policial paraibana, com a prisão do estuprador e assassino Eduardo dos Santos Pereira, 42 anos, condenado a 108 de prisão por planejar e executar o estupro coletivo no município de Queimadas, no ano de 2012, episódio que ficou conhecido nacionalmente como “Barbárie de Queimadas”.

À época dos fatos, o crime fora elucidado em menos de 24 horas, com todos os envolvidos presos. Isso, por si só, já evidencia o nível de competência da Polícia Civil da Paraíba. Mas, no ano de 2020, já condenado e cumprindo pena, Eduardo conseguiu fugir do presídio PB-1, em João Pessoa, penitenciária tida como a mais segura do estado. A fuga lançou sobre a Paraíba um oceano de cobranças por parte da mídia (o que é natural), e coube à Polícia Civil, mais uma vez, garantir que aquela barbárie não ficasse impune. 

Silenciosa e pacientemente [como deve ser], a nossa PCPB ‘reservou’ uma equipe da sua Inteligência para se dedicar, quase que exclusivamente, a essa missão visivelmente difícil. Esses policiais utilizaram técnicas de investigação que, na minha singela análise, jamais poderão ser divulgadas em detalhes. Foi um trabalho espetacular e digno dos mais efusivos aplausos. 

O futuro da segurança pública

Tenho dito sempre que oportuno: crimes graves só se combate com inteligência e investigação. Criminosos de alta periculosidade só têm ‘freio’ com um bom trabalho investigativo na sua cola. Uma leitura mais atenta nos inúmeros textos/relatórios de pesquisadores diversos na área da segurança pública, presentes em instituições como Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Instituto Sou da Paz, por exemplo, não me deixam sozinho nessa afirmativa.

O olhar futurista do governador

Já devo ter aqui neste espaço do Hora Agora mais de 20 textos publicados, e evito mencionar – diretamente – políticos e/ou “política partidária”, para não alimentar interpretações distorcidas. Mas há certos momentos que as coisas se encaixam, e eu me sinto na obrigação de ‘botar para fora’ a leitura que se desenha em minha mente.

Se alguém ainda não sabe, a Polícia Civil da Paraíba está formando a sua segunda turma de futuros policiais na Acadepol, em João Pessoa, referente ao concurso 2021. Mais que isso: eu estou falando do maior concurso público já realizado para a instituição, com a oferta de 1.400 vagas. Pode parecer ‘pouco’ para estados como São Paulo ou Rio de Janeiro. Mas para a Paraíba, isso significa dizer que a PCPB vai aumentar o seu potencial de trabalho em mais de 65%. 

É abastecer 40 litros de gasolina e ganhar mais 26 no tanque. É viver 80 anos e ser contemplado com 52 anos a mais de vida. É receber um salário de R$ 10 mil e, ‘do nada’, caírem mais R$ 6.500,00 na conta todo santo mês.

Aumentar em 65%, de uma só ‘tacada’, o potencial de uma polícia cuja missão é INVESTIGAR crimes é, sim, um exemplo de olhar futurista para a segurança pública de um estado. É mostrar que tem conhecimento sobre as discussões mais modernas sobre a temática da segurança. É entender que sem investigação não há justiça e, sem justiça, ninguém tem paz. 

Em qualquer roda de debates com especialistas em segurança, um gestor é aplaudido quando investe tão fortemente em uma polícia de investigação, ainda mais naquela que – por exemplo – é campeã em elucidação de homicídios em todo o Nordeste.

A Paraíba não tem noção do quanto ela ganha com isso, e esse mérito não se pode tirar do governador João Azevêdo. 

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Saulo Nunes é jornalista, escritor e policial civil

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