A imprensa e sua empatia seletiva - Waltair Pacheco de Brito Jr.


Não é de hoje que a percepção do povo entende e ou sente a seletividade da imprensa em todo o País e porque não dizer mundo à fora.

É claro e patente esta seletividade principalmente quando falamos das questões politicas, é notório que esta tem um lado, milita por um grupo ou partido ou ainda ideologia e não esconde isto, uma vez que de forma escancarada há um preterimento quando dos fatos apresentados em noticias.

Sem falar que há um comprometimento muito grande por parte de alguns quando o assunto é dinheiro, isto é, quando alguém ou um grupo paga e estes recebem para noticiar de forma específica o que é de interesse do pagante, em outras palavras, o que o pagante quer que seja noticiado.

Mas há também a seletividade convenientemente social, aquela que não está atrelada a questões politicas, e nem sempre estão ligadas ao dinheiro, mas a uma linha imaginária de status social que para esta (imprensa), ou para os que a fazem, não deve ser ultrapassada, não deve ser ignorada.

No último dia 22, faleceu a jovem empresária e artista Thalita Araújo Nóbrega, quando estava em processo de parto humanizado para o nascimento de seu filho Levi Araújo Nóbrega de Oliveira Arruda, que infelizmente também faleceu no último dia 27, conforme informou a família em nota.

O que intriga e chama a atenção para a seletividade da imprensa é o fato de que apesar da ampla divulgação sobre a morte da jovem empresária é o fato de que nenhum veículo de comunicação mencionou a empresa responsável pelo parto que teve complicações com final trágico, fatal.

O que se tem nos comentários pelos grupos de Whatsapp é que a empresária optou por um parto humanizado contratando a empresa Florear Partos e que o procedimento se deu nas dependências do Hospital da Unimed, que em comunicado adiantou que apenas cedeu o espaço físico.

Nenhuma linha a respeito da referida empresa foi publicada, divulgada, nenhum questionamento foi feito, nenhuma responsabilidade foi cobrada dos profissionais que participaram do trabalho de parto contratado e que segundo conversas via whatsapp, durou mais de 11h.

Nenhum jornalista procurou saber quem era a equipe médica, de quem era a responsabilidade direta pelo trabalho, ninguém investigou se a empresa tinha experiência, se o ambiente era adequado para isto, se tinham todos os equipamentos necessários para uma possível emergência.

Se quer cobraram da referida empresa uma nota oficial sobre o ocorrido, não houve sensibilidade da mídia se quer de cobrarem uma postagem da empresa em memória da cliente, foi preciso pessoas comuns se manifestarem nas redes sociais da mesma para que ela se manifestasse.

E ao que parece já apagaram, assim como apagaram os comentários das pessoas comuns sensibilizadas de fato com a situação.

Entretanto, quando dos fatídicos casos de morte de mães e bebês no ISEA, todos foram ávidos e rápidos por apontarem negligência, por encontrarem erros médicos, por encontrarem problemas nas instalações da referida instituição e até mesmo alguns fazerem julgamento dos profissionais.

É interessante observar que nos casos do ISEA, houve uma empatia coletiva, uma comoção municipal, um senso de justiça corporativo para se condenar com rigor todos os envolvidos, culpados ou não, fosse negligência ou erro médico ou simplesmente uma fatalidade.

No caso da Florear Partos é notório a falta de empatia, de comoção e de justiça, percebe-se com clareza que até mesmo profissionalismo e instinto jornalístico estão ausentes.

Como se diz por aí: “já não se faz mais jornalistas como antigamente”.

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