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Imagem: Divulgação |
Por Lenildo Ferreira
O prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, deixou de lado o papel sorridente de pré-candidato a mostrou-se exageradamente irritado com jornalistas que o questionaram sobre fala recente do senador Veneziano Vital do Rêgo quanto à a necessidade de uma definição de sua parte a respeito do segundo voto para o Senado.
Veneziano, que abriu as portas do MDB para Cícero, fez uma ponderação natural apontando que essa indefinição causa prejuízos à estratégia política e eleitoral para 2026.
Após a entrevista do senador, jornalistas fizeram o lógico de questionar o prefeito sobre a reflexão do emedebista, mas, como se viu, Cícero subiu nos tamancos, reclamou que a imprensa faz sempre as mesmas perguntas, cobrou que questionassem outros fatos e repetiu que vai votar (também) em João Azevêdo para o Senado.
Alguém dizer que a imprensa repete enfadonhamente os mesmos temas, não deixa de ter suas razões. Mas, não foi o caso, já que a pergunta tinha como fundamento a afirmação do senador e, logo, o arroubo foi injustificável.
Injustificável, mas não inexplicável.
É que a reação desmesurada do prefeito foi muito mais uma autodefesa mal engendrada por ficar sem resposta diante de uma cobrança legítima de Veneziano e uma pergunta legítima do jornalista.
Ao invés de direcionar seu destempero, se fosse o caso (e nem deveria ser), para o colega político, recorreu à escolha mais fácil – e velha – de atacar a imprensa.
Um tipo de desequilíbrio e grosseria que não devem ter mais espaço na Paraíba dos tempos contemporâneos, onde o autoritarismo dos antigos coronéis precisa ser coisa do passado. Profissional de imprensa não pode estar sendo pautado por políticos irritadiços sobre o que perguntar ou não.
Mais que isso, é muito feio e pega muito mal para quem quer ser governador do Estado não ter coragem de responder diretamente aos seus pares e sair descontando nos portadores da mensagem.
Acima de tudo, porém, ficou evidente o recibo de uma contradição grave no posicionamento de Cícero Lucena. Coisa que, se eu vi, se outros viram, certamente Veneziano – cujas madeixas estão prestes a branquear na carreira política – viu antes de todos...
Mas, isso é assunto para outra conversa.