Por Alexandre Moura (*)
Na Paraíba a Inovação “trafega” pela rodovia BR-230
A Paraíba vem se consolidando como um dos estados mais promissores do Nordeste brasileiro no que diz respeito ao fortalecimento de Ecossistemas Locais de Inovação (ELIs). Atualmente, o estado conta com sete Ecossistemas sendo trabalhados, fortalecendo o desenvolvimento econômico em várias regiões do estado. Esses Ecossistemas estão distribuídos em “cidades-polo” que articulam governo, academia, setor produtivo e sociedade civil, com o objetivo de fomentar soluções inovadoras na promoção do desenvolvimento regional. O “eixo comum” entre eles é a chamada “Rota 230 da Inovação Paraibana”, que interliga o estado do litoral ao sertão e que pouca gente sabe, faz parte da Rodovia Transamazônica, tendo seu “Km zero” no litoral do estado. Esses ELIs fazem parte da estratégia de interiorização do desenvolvimento territorial com inovação, iniciativa tracionada pelo SEBRAE-PB, com participação de diversas entidades e empresas, nas cidades e regiões onde os ELIs estão se desenvolvendo.
Na Paraíba a Inovação “trafega” pela rodovia BR-230 (II)
Seguindo a “Rota 230 da Inovação Paraibana”, começando por João Pessoa, onde o Ecossistema é denominado de “Farol Digital” (numa referência ao “Farol do Cabo Branco” ponto mais oriental das Américas), vem sendo estruturado/voltado para áreas como governanças urbanas inteligentes, cidades sustentáveis, startups da economia criativa e de impacto social. A presença da UFPB, IFPB e outras IES, impulsionam projetos que conectam tecnologia e qualidade de vida urbana. A cidade também, abriga uma gama de ambientes de inovação que estimulam o empreendedorismo. Continuando na “Rota”, chegamos na cidade de Guarabira, com sua indústria forte e de alcance nacional e seu conhecido e destacado, “Empreendedorismo Feminino”. O ELI, denominado de “BrejoTech”, tem foco na economia criativa, comércio, turismo e artesanato inovador. O Ecossistema de Guarabira tem conseguido articular ações com o IFPB, empresas, entidades do comércio e associações de artesãs para desenvolver produtos com valor agregado, utilizando tecnologia para comercialização digital e presença em marketplaces.
Na Paraíba a Inovação “trafega” pela rodovia BR-230 (III)
Continuando nossa “viagem” pela “Rota”, chegamos a Campina Grande, reconhecida nacional e internacionalmente, como um “Polo Educacional-Tecnológico e de Inovação”. Campina Grande abriga um dos Ecossistemas mais maduros da região e do país. Denominado “E.InovCG – Ecossistema de Inovação de Campina Grande”, além das universidades UFCG, UEPB, IFPB e UNIFACISA, fazem parte do E.InovCG a FAPESQ, INSA, EMBRAPA, CITTA, PaqTc-PB, Virtus, dezenas de Empresas de Base Tecnológica, startups, dois centros EMBRAPII, um polo médico robusto e legislação municipal moderna sobre Sandbox regulatório. Campina Grande, já foi destacada pela revista americana Newsweek como “cidade HIGH TECH”. Sendo reconhecida em 2023 como a terceira cidade mais inovadora do Brasil e a primeira do Nordeste, pelo Índice de Cidades Empreendedoras da ENAP. Destaque para os segmentos de Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs), IA (Inteligência Artificial), “Edtechs”, Indústria 4.0 e “Saúde Digital”. Seguindo na “Rota”, depois de Campina Grande, chegamos à cidade de Monteiro. Localizada no coração do “Cariri Paraibano”, a cidade vem se destacando pela sua capacidade de articular conhecimento acadêmico, práticas empreendedoras e tecnologias sociais adaptadas à realidade do semiárido. O “ELI Cariri”, o Ecossistema de Inovação do Cariri Paraibano, tem uma base cultural forte e uma vocação para a sustentabilidade. Tem investido em iniciativas que promovem o desenvolvimento territorial inteligente e inclusivo, tendo como pilares principais a educação tecnológica, o empreendedorismo jovem e feminino, a valorização da cultura regional, além de ações voltadas para a convivência com o semiárido e a gestão sustentável de recursos naturais.
Na Paraíba a Inovação “trafega” pela rodovia BR-230 (IV)
O Cariri Paraibano é uma região emergente na criação de soluções que aliam “tecnologia, inovação social e saberes tradicionais”. Entre os atores que impulsionam o “ELI Cariri” estão instituições como o Instituto Federal da Paraíba (IFPB - Campus Monteiro), Universidade Federal de Campina Grande (UFCG – Campus Sumé) e a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB – Campus Monteiro). Seguindo nossa viagem, chegamos à cidade de Patos, localizada no coração do “Sertão da Paraíba”, que tem se destacado por suas iniciativas em energias renováveis, agrotecnologia e resiliência hídrica no semiárido. Patos conta com um Campus da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Campus da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Campus do Centro Universitário de Patos (UNIFIP) e o outro do Instituto Federal da Paraíba (IFPB), como suportes relevantes ao Ecossistema local, provisoriamente denominado de “ELI Patos”. Continuando a “Rota”, chegamos à cidade de Sousa, com seu Ecossistema de Inovação, apropriadamente chamado de “DinoValley” em homenagem a principal atração turística local, que é o “Vale dos Dinossauros”. Com forte base rural, O Dino Valley aposta em desenvolvimento industrial, em turismo, biotecnologia, bioeconomia e inovação no agronegócio. A cidade sedia unidades da UFCG, UEPB e do IFPB, que desenvolvem tecnologias aplicadas ao campo, como sensores de solo, monitoramento de safras por drones e melhoramento genético de sementes adaptadas à seca. Depois de Sousa, e seguindo na “Rota”, chegamos à Cajazeiras e ao sétimo Ecossistema de Inovação, o denominado “Caatinga Valley”, nome derivado do “Bioma Caatinga”, único Bioma totalmente contido em solo brasileiro. O Caatinga Valley, se destaca por ser um Ecossistema voltado à educação, formação tecnológica e inclusão social. Com forte tradição educacional, a cidade abriga polos do IFPB, da UFCG, da Faculdade Católica da Paraíba, do Centro Universitário Santa Maria e de outras instituições privadas, que trabalham com capacitação em áreas como saúde, educação, desenvolvimento de software e inovação na gestão pública. Iniciativas como hackathons escolares e startups de edtechs vem ganhando espaço. Estes sete Ecossistemas de Inovação são incentivados e apoiados, pelo SEBRAE da Paraíba, que atua como catalisador desses ambientes, promovendo ações de capacitação, conexão entre atores e estímulo ao empreendedorismo inovador. A Paraíba avança, assim, como um modelo descentralizado de desenvolvimento territorial com inovação, “conectando capital e interior”, tradição cultural e tecnologia. Cada Ecossistema carrega consigo o “DNA local”, mas todos compartilham o mesmo objetivo: “impulsionar o desenvolvimento econômico, social e tecnológico com inovação, de forma sustentável”. Colaboraram na coluna dessa semana, Aline Oliveira e Marcos Suassuna.
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Engenheiro Eletrônico, Mestrado em Engenharia Elétrica, MBAs em e Comércio Eletrônico e Software Business, pela N.S. University (Estados Unidos), Curso de “Liderança Transformadora Global” pela Nova School of Business & Economics de Portugal, Acionista da Light Infocon Tecnologia S/A, Diretor da LightBase Software Público Ltda, Conselheiro-Titular do SEBRAE-PB, Fundador e Membro do Conselho de Administração do SICOOB Paraíba, Ex-Presidente da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado da Paraíba e Diretor de Relações Internacionais da BRAFIP.